Dores e lesões na coluna estão ligadas ao envelhecimento da estrutura
Você já ouvir falar do “aging spine”? O termo se refere ao envelhecimento da coluna vertebral. Apesar dos primeiros sinais do envelhecimento natural serem físicos, ou seja, rugas e cabelos brancos, todo o corpo humano envelhece, inclusive tecidos e ossos.
Segundo a fisioterapeuta Walkíria Brunetti, especialista em Pilates e RPG, o envelhecimento da coluna é caracterizado por dois processos paralelos, mas independentes: a redução da densidade mineral óssea e o desenvolvimento de alterações degenerativas.
“A combinação da degeneração com a redução da massa óssea contribui, em graus distintos, para o desenvolvimento de uma variedade de patologias dolorosas na coluna, frequentemente, debilitantes”.
Para entender melhor a gravidade da situação, basta lembrar que as doenças da coluna são consideradas as principais causas de afastamentos do trabalho e de aposentadoria por invalidez.
Desde cedo
E se você acha que o “aging spine” é coisa da terceira idade, saiba que o processo degenerativo tem início cedo, na primeira década de vida. Os discos intervertebrais são os primeiros a sofrer. Por isso, a temida hérnia de disco é uma das doenças mais prevalentes em adultos jovens.
“Além dos discos intervertebrais, temos na coluna as articulações entre as vértebras para proporcionar estabilidade na rotação. Com o passar dos anos, essas estruturas sofrem o desgaste natural e resultam na espondilose, que é a osteoartrose que afeta especificamente a coluna. A dor é o principal sintoma”, diz Walkíria.
Músculos enfraquecidos
Além dos ossos e articulações, os músculos e ligamentos da coluna também envelhecem. Essas estruturas são responsáveis pela sustentação da coluna e dão estabilidade para os movimentos. Porém, quando enfraquecidos, podem causar dores e prejudicar a movimentação, o equilíbrio e a postura”, diz Walkíria.
Desgaste ósseo
A osteoporose é outra consequência do envelhecimento. No Brasil, 1 em cada 3 mulheres com mais de 60 anos tem osteoporose. Já nos homens, a prevalência é um pouco menor, de 1 a cada 5.
“A osteoporose é a perda da massa óssea. O osso enfraquece e fica poroso. O grande risco da doença é a fratura na coluna. Muitas vezes imperceptíveis ou não diagnosticadas, podem causar dores, perda da estatura e deformidade da coluna”, comenta a fisioterapeuta.
Outro problema comum é a osteofitose, mais conhecida pelo termo “bico de papagaio”. O corpo, na tentativa de estabilizar a coluna, promove um crescimento ósseo nos discos intervertebrais. Nos exames de imagem, esses ossos, chamados de osteófito, lembrar o bico da ave. A dor também é o principal sintoma”.
Por fim, a instabilidade da coluna pode levar ou agravar as deformidades, como a cifose, famosa “corcunda”, escoliose e lordose.
Inevitável ou evitável?
A grande preocupação dos especialistas é que o aumento da expectativa de vida impacta diretamente no crescimento dos diagnósticos de problemas e doenças na coluna. Segundo o IBGE, até 2060 a população com mais de 80 anos deve chegar a 19 milhões de pessoas. Mas, o grande desafio não é viver mais, é viver melhor, por meio de um envelhecimento saudável
Embora envelhecer seja inevitável, é possível adotar hábitos desde cedo que podem proteger a coluna durante toda a vida. Contudo, é preciso levar em consideração que as condições médicas que atingem a coluna são multifatoriais, sendo a predisposição genética um fator de risco importante.
Por onde começar?
A postura é um dos eixos mais importantes para manter a coluna saudável. “Crianças e adolescentes devem ser orientados pelos pais e educadores em relação à postura na hora de sentar-se na sala de aula, bem como é preciso cuidado na hora de carregar as mochilas, por exemplo”.
Ao longo da vida, manter o peso dentro do ideal também irá contribuir para a saúde da coluna, bem como a prática regular de uma atividade física. Mas aqui vai um alerta: é preciso cuidado com o tipo de esporte que irá praticar, pois nem todos podem ser benéficos para a coluna.
A prevenção da osteoporose começa na infância, com a manutenção dos níveis de cálcio e vitamina D, cuja deficiência na população em geral é muito comum.
Pilates: o melhor amigo da coluna!
Um dos melhores métodos para manter a coluna saudável é o Pilates. Há diversos benefícios comprovados, como fortalecimento dos músculos que sustentam e dão estabilidade para a coluna, melhora da flexibilidade, postura e amplitude de movimento.
E aqui vai uma dica super importante: o Pilates é indicado para pessoas de qualquer idade, inclusive para crianças! Portanto, desde cedo é possível prevenir que o envelhecimento da coluna se torne um problema.
“O Pilates é um exercício de baixo impacto, que trabalha vários grupos musculares, concentrando-se no centro de força. Trata-se de método que pode ser adaptado para cada paciente, de forma individual, sem contraindicações”, cita Walkíria.
Além de contribuir na prevenção, o Pilates é uma das técnicas mais usadas dentro da fisioterapia para quem já desenvolveu problemas na coluna e sofre com dores crônicas. “Os movimentos podem ser adaptados para respeitar as limitações impostas pelo dor. Além de reduzir esses quadros dolorosos, o método pode reduzir a incapacidade e devolver a autonomia para a pessoa retomar suas atividades diárias”, finaliza Walkiria.
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