Dor no ombro atinge 20% da população e pode ser incapacitante
Se você já passou dos 40 anos e anda sentindo dores no ombro ou dificuldades para fazer movimentos, como pegar objetos em cima de um armário, por exemplo, não está sozinho! Isso porque problemas no ombro constituem a terceira de doença musculoesquelética mais frequente, perdendo apenas para dores e patologias da coluna.
Segundo a fisioterapeuta Walkiria Brunetti, o ombro é a articulação com maior mobilidade que o corpo humano tem, porém é justamente essa característica que o deixa tão vulnerável às lesões. “Com o passar da idade, a chance de desenvolver problemas nesta articulação é exponencialmente maior. Além disso, alguns esportes, uso de computadores ou celulares e algumas profissões, também são fatores de risco para patologias nos ombros”.
Outro fator de risco está relacionado à anatomia do ombro. Existe uma ponta óssea no ombro, o acrômio. Ele pode ser reto (tipo I), curvo (tipo II) e enganchado (tipo III). Quanto mais curvo o acrômio, maior será o risco de desenvolver lesões.
Lesão do Manguito Rotador? O nome é estranho, mas essa estrutura, o manguito rotador, ajuda nos movimentos de elevação e rotação dos braços, estabilizando a cabeça do úmero (osso superior dos braços) dentro do ombro. Por isso, lesões no manguito podem ser incapacitantes, já que limitam o movimento dos ombros.
“A lesão do manguito rotador pode ser causada por um trauma ou pelo desgaste natural relacionado ao processo de envelhecimento, assim como por esforços e movimentos repetitivos. O sintoma mais comum é dor na frente do ombro que irradia para a lateral do braço”, explica Walkiria.
A dor costuma piorar quando a pessoa precisa realizar algum movimento acima do nível dos ombros, como pegar um objeto no alto ou dormir de lado sobre o ombro lesionado, por exemplo. Há também perda da força no braço afetado e dificuldades para atividades do dia a dia, como pentear os cabelos, amarrar um sapato, etc.
Walkiria chama a atenção para o fato de que a lesão pode piorar e isso acontece em cerca de 40% dos casos. “No começo a pessoa pode pensar que é um mau jeito, algo passageiro e, com isso, não procura o médico. Esse atraso na busca de ajuda pode aumentar o tamanho da lesão, o que piora a dor e pode levar à perda da força”.
Diagnóstico precoce é crucial para a reabilitação
O diagnóstico é feito pelo médico, que irá solicitar exames de imagem para poder avaliar a extensão e a gravidade da lesão. Em alguns casos, não há ruptura, portanto, a dor está mais relacionada a uma inflamação dos tendões, ou seja, é considerada uma tendinite. O tratamento inicial é conservador, com uso de medicamentos anti-inflamatórios e fisioterapia. Depois de três meses, se não houver melhora, pode ser indicada a cirurgia.
“Inicialmente, a fisioterapia irá atuar no controle da dor e na melhora da amplitude dos movimentos. Depois, trabalhamos para fortalecer a musculatura do manguito rotador e, depois, a musculatura abdutora dos ombros”, explica Walkiria.
Além da fisioterapia e dos medicamentos, é importante reeducar o paciente sobre hábitos que podem levar a uma recorrência do problema. É preciso evitar ficar muito tempo com os braços para cima, dormir em cima do ombro, abusar do celular, do computador e de esportes que forcem os ombros.