Compressa quente ou fria? Aprenda a usar a termoterapia para dores e lesões musculares

Certamente, o uso de compressa quente ou fria é uma técnica muito usada pela população em geral, para as mais diferentes dores, especialmente as musculares. A chamada termoterapia, ou seja, usar temperaturas como forma de tratar problemas de saúde, é bastante comum dentro da fisioterapia.

Para falar mais sobre o assunto, hoje vamos entrevistar a fisioterapeuta Walkíria Brunetti, especialista em Dores Crônicas, Saúde Postural, RPG e Pilates.

Temperatura como forma de tratamento remonta a Antiguidade

Primeiramente, é importante dizer que o uso das temperaturas para tratamentos de saúde data da época de Hipócrates, considerado o “pai da medicina”. Ele percebeu que o uso de água fria melhorava dores nas articulações e reduzia o processo inflamatório. Adicionalmente, gregos e romanos costumavam frequentar as “termas”, locais públicos com piscinas de água quente e fria. Nas termas, os objetivos eram vários, entre eles os terapêuticos.

Ao longo dos séculos, o conhecimento científico avançou e, por meio de estudos e pesquisas, houve a comprovação dos efeitos benéficos do uso da termoterapia, para os mais diversos fins terapêuticos.

“Atualmente, a termoterapia é uma abordagem muito importante dentro dos recursos da fisioterapia. Contudo, é preciso entender que tipo de temperatura vai beneficiar o paciente, de acordo com o tipo de dor, lesão e momento do tratamento. Além disso, também é importante orientar a população quanto à temperatura correta que deve ser usada em casa, em questões de menor gravidade”, explica Walkíria.

Termoterapia em ambiente especializado – Entenda como funciona

 “A energia térmica tem diferentes indicações clínicas. Além disso, as duas fontes de temperatura, ou seja, calor e frio, podem ser usadas em conjunto, dependendo do tipo de lesão ou doença. Há também equipamentos que usamos na clínica que conseguem atingir camadas mais profundas da pele, o que é diferente de fazer compressas em casa”, comenta a especialista.  

“A nossa preocupação é orientar as pessoas para que aprendam a usar a energia térmica da maneira correta em casa. Isso ajuda a prevenir acidentes como queimaduras, por exemplo, além de indicar qual temperatura trará os benefícios esperados para cada tipo de problema”, reforça Walkíria.  

Para que serve a aplicação de compressas frias

A aplicação de temperaturas frias é indicada em lesões por quedas, pancadas e tropeços. Entretanto, é crucial esclarecer que não se deve aplicar nada em feridas ou lesões expostas!

Segundo Walkíria, uma das coisas mais importantes é colocar o gelo logo em seguida do trauma e nos primeiros dias. Outra dica é usar um pano entre a compressa de gelo e a pele para prevenir queimaduras. Por fim, a aplicação não deve ultrapassar 20 minutos.

“A aplicação de frio tem dois efeitos importantes. O primeiro é a sua propriedade vasoconstritora. Como algumas lesões podem romper vasos, o sangue pode extravasar junto com outros líquidos, como a linfa. A partir disso surgem os hematomas e o inchaço. As compressas frias podem ajudar os vasos a se contraírem e, com isso, há redução do fluxo de líquidos fora deles”, afirma a especialista.

Outro efeito vital do frio é a redução da transmissão dos impulsos nervosos da dor. Para alcançar esse benefício, o ideal é aplicar a compressa por cerca de 20 minutos na lesão.

Frio também ajuda em inflamações agudas

Para além de ajudar a conter o inchaço, a dor e os hematomas após uma lesão, o uso de compressas frias também é indicado nas fases agudas de processos inflamatórios. Os sinais típicos de uma inflamação são o calor, o inchaço, vermelhidão e dor. O gelo ajuda a aliviar todos eles, sendo um importante aliado no tratamento clínico de inflamações articulares, no pós-operatório de algumas lesões osteomusculares, entre outras condições.

“A principal diferença, nesses casos, é o tempo de aplicação. Para alívio dos sintomas inflamatórios agudos, precisamos aplicar o gelo por tempo prolongado, cerca de 20 a 30 minutos. Vale também reforçar que nos casos de inflamação aguda, o calor pode agravar os sintomas”, comenta Walkíria.

Quando usar compressas quentes 

“Ao contrário do frio, que diminui o calibre dos vasos, o calor é um vasodilatador. Portanto, as compressas quentes ou a aplicação de calor por outro meio, como por meio de aparelhos, tem como objetivo a melhora da circulação, além de reduzir o processo inflamatório, conta Walkíria.

“O calor é recomendado para fases subagudas ou crônicas das lesões, quando o objetivo é promover o relaxamento muscular, aumentar a extensibilidade dos tecidos e melhorar a circulação sanguínea local. O calor pode ser benéfico para aliviar a rigidez articular e facilitar a mobilidade. Na clínica, temos aparelhos que conseguem chegar em camadas mais profundas para obter esses efeitos”, reforça a fisioterapeuta.

Em casa, a aplicação do calor pode ser feita por meio do uso de bolsas térmicas e panos quentes. Porém, é preciso cuidado para não queimar a pele. O tempo ideal é de 15 a 20 minutos.  

Calor e frio ao mesmo tempo: entenda os benefícios

“Poucas pessoas sabem, mas há também efeitos terapêuticos quando se usa o contraste. Ou seja, o de calor e de frio, alternadamente, pode ajudar a reduzir o inchaço de lesões musculoesqueléticas, algo muito usado nas clínicas de fisioterapia, comenta a especialista.    

“De qualquer maneira, a aplicação de calor ou frio deve ser personalizada, levando em conta a natureza da lesão, a fase de recuperação e os sintomas do paciente. É fundamental que essas terapias sejam orientadas por profissionais de saúde qualificados, que possam avaliar a condição específica de cada indivíduo e indicar o tratamento mais apropriado”, conclui Walkíria.

A Clínica Walkíria Brunetti – Fisioterapia e Pilates está localizada no Campo Belo, zona sul da cidade de São Paulo.

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Matéria produzida pela jornalista

Leda Maria Sangiorgio

MTB 30.714

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