Dedo em gatilho atinge mais mulheres que homens
Estima-se que a doença afeta cerca de 2% da população, sendo mais comum em mulheres após os 40 anos de idade
A tenossinovite estenosante dos flexores, popularmente conhecida como ‘dedo em gatilho’, é uma das causas mais comuns de dores nas mãos na população adulta. A doença também é mais prevalente em pessoas com diabetes, artrite reumatoide e doenças genéticas, como as mucopolissacaridoses.
Segundo a fisioterapeuta Walkíria Brunetti, a tenossinovite é uma inflamação que afeta a bolsa sinovial dos tendões flexores. “O tendão pode ser comparado a um elástico. No caso das mãos, os tendões flexores prendem os músculos do antebraço aos ossos dos dedos. Para dobrar os dedos precisamos que estes tendões estejam funcionando adequadamente”.
“Os tendões flexores passam por uma espécie de túnel nas palmas das mãos, a bainha do tendão. Isto permite um deslizamento suave durante os movimentos de flexão e extensão dos dedos. Ao longo desta bainha, há uma estrutura chamada de polia, responsável por segurar os tendões flexores próximos aos ossos dos dedos”, explica Walkíria.
A especialista cita que quando há um processo inflamatório na bainha do tendão, a polia se torna inchada e esta característica dificulta o deslizamento do tendão flexor quando a pessoa dobra o dedo.
“Com o passar do tempo, há um risco aumentado da formação de um nódulo que irá atrapalhar ainda mais o movimento de flexão. Ao dobrar o dedo pode existir uma sensação de estalo, além de piorar a dor. Nos casos mais graves, o dedo pode travar e não voltar à posição normal”, alerta Walkíria.
O que a pessoa sente?
Nos quadros iniciais, os sintomas mais comuns são dor, inchaço, rigidez ou uma sensação de travamento, principalmente quando a pessoa tentar dobrar e esticar o dedo afetado pela condição. Os dedos polegar, médio e anelar são os mais atingidos pela tenossinovite estenosante.
Digitação é um dos principais fatores de risco
O dedo em gatilho é uma condição muito frequente em pessoas que trabalham usando o computador. “Por isso, quase sempre é associada a Lesões por Esforços Repetitivos (LER). A idade é um fator de risco, pois a condição é mais frequente após os 40 anos. Há também um risco aumentado quando o paciente apresenta outras doenças, conforme já citado”, afirma a fisioterapeuta.
Diagnóstico e tratamento precoces podem evitar cirurgia
De acordo com Walkíria, o ideal é iniciar rapidamente um tratamento que inclua sessões de fisioterapia, além de medicamentos para reduzir a inflamação e a dor. “Além disto, o paciente precisa ficar afastado da causa, ou seja, se a pessoa usa demais o computador ou até mesmo o celular para digitar, vai precisar de um afastamento temporário.
Outra estratégia para tratamento do dedo em gatilho é o uso de órteses. As órteses, conhecidas popularmente como talas, podem ser um excelente recurso terapêutico, desde que feitas sob medida para o paciente, por um terapeuta ocupacional.
“Isto porque as órteses prontas, encontradas em farmácias e lojas de materiais ortopédicos, são feitas em tamanhos padrão e podem piorar o quadro em vez de melhorar”, reforça Márcia Strabeli, terapeuta ocupacional da equipe da Clínica Walkíria Brunetti.
“A órtese sob medida é feita para imobilizar o dedo comprometido, permitindo a movimentação dos outros dedos. Este recurso é importante, pois mantém o paciente funcional durante o tratamento. O uso correto da órtese, aliado a sessões de fisioterapia e ao afastamento dos fatores de risco, são estratégias terapêuticas que podem levar à melhora do quadro, evitando uma cirurgia”, comenta Márcia.
A terapeuta lembra que a órtese deve ser usada também para dormir com o objetivo de manter o dedo afetado em uma posição adequada. “Muitas pessoas dormem em posições inadequadas, com as mãos embaixo do rosto ou do travesseiro e isto pode agravar a dor e a inflamação”, finaliza a especialista.