Tenossinovite de De Quervain está ligada ao excesso de uso do celular
- Leda Maria Sangiorgio
- há 10 minutos
- 5 min de leitura

A tenossinovite de De Quervain está intimamente ligada ao uso excessivo do celular. Por isso, os casos da doença são cada vez mais comuns em consultórios e clínicas de ortopedia e fisioterapia. Naturalmente, há outros fatores de risco que vamos conhecer melhor ao longo desse artigo.
Primeiramente, é importante esclarecer que na população adulta em geral, a tenossinovite de De Quervain tem um prevalência estimada entre 0,5% em homens e 1,3% em mulheres. Portanto, não é uma condição que atinge muitas pessoas. Por outro lado, em certos grupos, como estudantes universitários, mulheres e pessoas que trabalham com costura, a prevalência pode chegar a 70%.
Segundo um estudo, cerca de 36% das universitárias entre 18 e 24 anos, com uso muito intenso de celulares, apresentam a tenossinovite de De Quervain na mão dominante. Já entre as costureiras, a prevalência chegou a 75%. Em conclusão: embora na população em geral a prevalência não seja tão alta, em populações de risco que realizam movimentos repetitivos, trabalhos manuais e uso intenso do polegar e punho, a prevalência pode variar de 20 a 70%.
O que é a tenossinovite de De Quervain
Segundo a fisioterapeuta Walkíria Brunetti, especialista em Dores Crônicas, Saúde Postural, Pilates e RPG, a tenossinovite De Quervain se caracteriza pela inflamação, irritação e aumento do volume dos tendões do punho e dedo polegar. “Sendo assim, a inflamação aumenta a bainha sinovial (estrutura que recobre o tendão). Essa bainha serve para diminuir o atrito entre músculos, ligamentos e ossos”, explica.
“Então, precisamos entender que os tendões ligam os músculos aos ossos. Portanto, são cruciais para os movimentos de dobrar as mãos, punhos, joelhos e demais articulações do nosso corpo. Em um quadro de tenossinovite, temos um espessamento da bainha e, com isso, acontece uma constrição do tensão durante o deslizamento. A partir disso, o tendão pode parecer travar ou grudar quando o paciente move o polegar”, esclarece Walkíria.
Você sabia?
A tenossinovite de De Quervain leva esse nome em homenagem ao cirurgião suíço Fritz De Quervain, que descreveu a doença pela primeira vez, em 1895. O médico descreveu como “entorse das lavadeiras”, em função dos movimentos repetitivos das mulheres ao torcer as roupas durante o processo de lavagem, já que naquela época não existiam máquinas de lavar.
Uso excessivo de celular está ligado ao aumento da prevalência da tenossinovite de De Quervain
Quando a tenossinovite de De Quervain foi descrita pela primeira vez, as lavadeiras eram as principais vítimas, devido aos movimentos repetitivos que elas faziam ao lavar roupas. Hoje, uma das principais causas da doença é o uso excessivo do celular.
Aliás, quando a tenossinovite tem relação com o uso de celulares, costuma ser chamada de “WhatsAppinite”. Esse termo informal surgiu na Espanha, em um artigo publicado no The Lancet. O relato de caso apontava que uma mulher de 34 anos, passou mais de seis horas trocando mensagens pelo WhatsApp no feriado de Natal. Depois de tanto tempo digitando, a paciente apresentou dores intensas nos dois polegares, entre outros sintomas típicos da tenossinovite.
“Contudo, esse quadro é um pouco diferente, já que o paciente apresenta outras condições associadas à tenossinovite de punho. Sendo assim, podem ocorrer compressão de nervos, sobrecarga muscular de ombro e pescoço, inchaço, rigidez, entre outros”, comenta Walkíria.
Principais causas da tenossinovite de De Quervain
Uso excessivo de celular, computadores ou tablets;
Trabalhos manuais, como costura, tricô, crochê;
Presença de doenças reumatológicas, como artrite reumatoide, gota e artrite psoriática;
Pós-parto.
“Entretanto, apesar de haver fatores de risco bem definidos, nem sempre é possível identificar a causa. Dessa forma, temos os casos de origem idiopática. Por fim, também existe outra forma da doença, que a estenosante. Nesse caso, a doença é resultado do estreitamento do diâmetro entre o tendão e a bainha sinovial, impedindo o deslizamento normal do tendão”, aponta Walkíria.
Sinais e sintomas podem impedir atividades do dia a dia
Sem dúvidas, o sintoma mais característico da tenossinovite de punho é dor na base do polegar, próximo ao punho. A dor costuma piorar quando o paciente movimenta o polegar ao segurar objetos, por exemplo. A sensação dolorosa também pode se espalhar para o antebraço e cotovelo.
“Adicionalmente, o paciente pode apresentar inchaço na lateral do punho e, em alguns casos, um nódulo que dá para sentir. Esse nódulo é consequência do espessamento da bainha do tendão. Temos ainda pacientes que ficam com bastante sensibilidade ao toque, ao pressionar a base do polegar, por exemplo. Por fim, há casos em que é possível sentir ou ouvir um estalo durante a movimentação do polegar. Isso acontece devido ao atrito dos tendões inflamados”, comenta Walkíria.
Agora, sem dúvidas, é preciso dizer que a tenossinovite de punho causa dores intensas e impede, muitas vezes, que o paciente realize suas atividades da vida diária. A dificuldade de realizar os movimentos podem aparecer ao segurar objetos, abrir portas, garrafas, pentear os cabelos e em movimentos em pinça em geral.
Como funciona o tratamento da tenossinovite de De Quervain
Geralmente, o tratamento da tenossinovite de De Quervain é conservador. Portanto, podem ser usados medicamentos para aliviar a dor e reduzir a inflamação. Além disso, vários recursos da fisioterapia também podem contribuir para melhora da dor e do processo inflamatório.
“Normalmente, precisamos ajudar o paciente a sair do quadro doloroso antes de iniciar qualquer reabilitação. Para isso, podemos usar a termoterapia, eletroterapia, ultrassom, laser e acupuntura. Quando a dor melhora, iniciamos exercícios focados no fortalecimento dos músculos das mãos, dedos e punhos. O alongamento também é importante para melhorar a flexibilidade”, diz Walkíria.
Mudança de hábitos é crucial para prevenir novas crises
Para além de medicamentos e fisioterapia, é crucial identificar a causa da tenossinovite de punho. Quando isso é possível, o paciente precisa ser orientado a mudar seus hábitos. Isso quer dizer que se a doença foi desencadeada pelo uso excessivo do celular ou computador, será preciso repensar o tempo de uso desses dispositivos.
“Para quem realiza muitos trabalhos manuais, por exemplo, também será preciso se policiar em relação ao tempo de realização dessas atividades. Para além disso, após a alta da fisioterapia, é importante continuar a fazer alongamentos nas mãos, punhos e braços, todos os dias”, alerta a especialista.
“Além do alongamento, também é importante fortalecer os músculos das mãos e punhos. Para isso, é possível usar as bolinhas antiestresse. Outro recurso acessível é o elástico de cabelo. Você pode colocar o elástico no dedo polegar e no dedo anelar ou médio, realizando movimentos de abrir e fechar”, finaliza Walkíria.
A Clínica Walkíria Brunetti – Fisioterapia e Pilates está localizada no Campo Belo, zona sul da cidade de São Paulo.
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Matéria produzida pela jornalista
Leda Maria Sangiorgio
MTB 30.714
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