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Por que o autismo pode afetar a integração sensorial?


Algumas crianças diagnosticadas dentro do espectro autista podem apresentar déficits para captar e interpretar as sensações provenientes do tato, olfato, visão, audição, paladar e pelos sistemas proprioceptivo e vestibular. Ou seja, o autismo pode afetar a integração sensorial. Estima-se que de 42 a 88% das crianças diagnosticadas com Transtorno do Espectro Autista (TEA) apresentam disfunções na integração sensorial.

“Isso acontece porque autismo é uma condição que afeta o desenvolvimento do sistema nervoso central. E a integração sensorial depende do pleno funcionamento do cérebro para ocorrer. As informações recebidas pelos sentidos do corpo humano são captadas e interpretadas em várias regiões do córtex cerebral. Assim, condições ou lesões neurológicas podem levar a problemas no processamento das informações sensoriais”, explica Walkiria Brunetti, especialista em fisioterapia neurofuncional.

Pouca ou muita sensibilidade aos estímulos

“Há uma série de manifestações quando há problemas na integração sensorial, dependendo de qual sistema está comprometido. Porém, no autismo, as mais comuns são a hiper ou a hipossensibilidade aos estímulos ambientais ou do próprio corpo”, explica Márcia Strabelli, terapeuta ocupacional da Clínica Walkiria Brunetti.

“Algumas crianças podem apresentar uma sensibilidade exacerbada a barulhos de aspirador, secador de cabelo, liquidificador ou sons em geral. Outras podem ter o comportamento oposto, podem gostar de certos barulhos e de som alto. Outro sinal bem característico é a aversão a cheiros, texturas, sabores e ao toque”, cita Márcia. As disfunções na integração sensorial também podem afetar a parte motora, a linguagem, entre outros aspectos.

Terapia de Integração Sensorial

A criança, especialmente nos primeiros anos de vida, se desenvolve a partir da exploração do mundo a sua volta, por meio de movimentos e da sua percepção do ambiente. “Uma criança com um desenvolvimento típico, irá desenvolver a habilidade de integrar todas as informações recebidas e isso contribui para o controle dos movimentos voluntários, para a cognição e para as emoções”, explica Walkiria.

“Entretanto, crianças com desenvolvimento atípico, como aquelas afetadas pelo autismo, podem precisar de terapias que as ajudem na integração sensorial. Inicialmente, a Terapia de Integração Sensorial foi desenvolvida para tratar problemas de aprendizagem. Porém, estudos ao longo dos anos mostraram que essa intervenção é efetiva para crianças com transtornos do neurodesenvolvimento, como o TEA, o Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH), paralisia cerebral, deficiência intelectual e adultos com lesões neurológicas que afetam as funções sensoriais”, comenta a Márcia.

A Terapia de Integração Sensorial é aplicada por um Terapeuta Ocupacional, mas pode envolver outros profissionais quando há comprometimentos diversos, como um fisioterapeuta e um fonoaudiólogo. O principal objetivo é ajudar a criança a organizar e a interpretar os estímulos de uma forma mais adaptativa e apropriada. “A terapia é individualizada, de acordo com as necessidades de cada criança e de qual sistema está comprometido. Criamos estímulos por meio de vários recursos”, cita Márcia.

“É importante ressaltar que o tratamento precoce é fundamental, para aproveitar a neuroplasticidade que é mais intensa na primeira infância. Graças a essa capacidade do cérebro, a terapia de integração sensorial cria novas conexões entre os neurônios que irão contribuir para melhorar as respostas aos estímulos sensoriais, levando a uma melhora importante do quadro”, finaliza Walkiria.

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