O que é Dor do Crescimento?
Dores do crescimento representam até 15% das queixas nos consultórios pediátricos e ortopédicos
Estudos apontam que a condição pode afetar até metade as crianças e adolescentes entre 3 e 12 anos
Você já ouviu falar das dores do crescimento? Trata-se de uma condição muito comum que causa dores musculares recorrentes, principalmente nas pernas e joelhos de crianças e adolescentes e no período noturno.
Segundo a fisioterapeuta Walkíria Brunetti, especialista em RPG e Pilates, a dor do crescimento costuma se manifestar à noite, principalmente naqueles dias em que a criança praticou esportes e atividades físicas. A dor pode acometer os músculos da coxa, perna, panturrilha e região posterior dos joelhos.
“Como não existem exames para identificar a condição, o diagnóstico é basicamente clínico, baseado em critérios como dor nos membros inferiores, que aparece de vez em quando, no final da tarde e início da noite e em dias de atividades físicas mais intensas”, comenta.
“Além disso, para ser considerada como dor do crescimento, precisa estar presente por pelo menos três meses e não pode estar acompanhada de outros sintomas, como febre e inflamação. Outro aspecto é que a criança pode ficar semanas ou meses sem sentir nada e, após algum tempo, apresentar novos episódios de dor”, explica Walkíria.
Origem é controversa
A etiologia, ou seja, a causa da dor do crescimento ainda é bastante controversa. A partir dos 9 anos, o quadro doloroso pode ser resultado do estirão do crescimento, que causa o desenvolvimento acelerado dos ossos e dos músculos.
“Porém, nas crianças menores a origem da dor pode ter ligação com o excesso de atividades físicas, com fatores anatômicos (pés planos, joelhos para dentro ou para fora), alterações na curvatura da coluna, vícios de postura ou ainda pode ser uma dor psicossomática”, aponta a especialista.
O estirão do crescimento pode causar também alterações posturais que acabam agravando quadro doloroso. “Há uma desorganização geral na musculatura que demanda uma avaliação mais aprofundada por um fisioterapeuta. Os fatores anatômicos também são causas importantes de dores musculares conforme a criança cresce”, explica Walkíria.
Diagnóstico por exclusão
Apesar das dores do crescimento serem comuns e benignas, é muito importante descartar outras doenças cujos sintomas são semelhantes.
“O ideal é que a partir de queixas constantes das crianças ou adolescentes, os pais procurem o pediatra para realizar exames que possam descartar doenças reumatológicas e alguns tipos de neoplasias cujas manifestações podem ser parecidas. A partir da exclusão de outras condições, os pais podem procurar uma fisioterapeuta”, alerta Walkíria.
“Nessa avaliação, iremos analisar todos os fatores anatômicos e biomecânicos que possam ser a fonte das dores. Além disso, conseguimos ter uma visão mais clara da postura, de como está a curvatura da coluna, o posicionamento dos joelhos, a pisada etc.”, explica a especialista.
“Depois dessa avaliação, podemos traçar um plano de tratamento de acordo com o que a criança ou adolescente precisa. Uma das técnicas que mais usamos é a Reeducação Postural Global (RPG). Crianças com problemas na pisada e nos joelhos podem precisar, além da fisioterapia, de palmilhas e outros recursos, bem como de exercícios de alongamento e fortalecimento da musculatura para que as articulações fiquem mais estáveis durante a marcha”, adiciona Walkíria.
Em casa, os pais podem aplicar massagens e usar analgésicos, de acordo a com a prescrição do pediatra para minimizar o desconforto dos pequenos. Compressas quentes ou o uso de bolsas térmicas também ajudam.
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